sábado, 30 de junho de 2012

A arte de contar a vida dos mortos*


Morre aos 77 anos o jornalista  Antonio Carvalho Mendes
' Toninho' foi responsável pela seção de falecimentos 
do 'Estado'  por quase cinco décadas
(Trecho de notícia retirada do site Estadão. Publicada em 15/03/11)

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Sim, este é o meu trabalho. Escrevo sobre os mortos. Narro o que fizeram e o que pensaram. Tudo o que construíram, quantos parentes deixaram e a data em que partiram. Só não escrevo sobre o seu futuro, nem me atrevo a traçar perspectivas... Porque depois disso aqui, quem saberá?

O senso comum diz que as pessoas, depois que morrem, ficam boas. Não concordo. Acredito que os vivos, diante de uma notícia a respeito de morte, é que ficamos bons e misericordiosos o suficiente para enxergar a bondade que todo mundo – sabendo procurar – é capaz de possuir.   

Outro dia mesmo chegou-me aqui a notícia de um sujeito que tinha passado há pouco. Motivo apurado por mim: o pobre levou um balaço de um esposo furioso e inconsequente, querendo acertar as contas, porque o defunto, vivíssimo, tinha passeado com a sua mulher. Diante disso, pode-se até pensar, concluir e dizer coisas horríveis sobre o caráter do falecido.

Todavia, entrevista vai, entrevista vem, chegou-me aos ouvidos a seguinte informação: a moça, antes de conhecer o amante, vivia em depressão profunda, pensando em pular da janela, fruto da decepção com o casamento que, em vez de lhe encher o coração de alegria, só tinha feito transbordar o tanque de roupa e os olhos de lágrimas, pois as noites solitárias eram longas com o marido perdido pelas farras.

Nada justifica a traição. Nada, mais ainda, justifica o assassinato. O que minhas fontes ponderaram é que a vítima (me refiro à morta) representava mais o papel de anjo protetor da garota desiludida do que amante nos termos tradicionais. Ele aconselhava e a ouvia, fortalecendo, assim, as fracas esperanças. Claro que desejava assumir um relacionamento sério, constituir família com a pobrezinha, mas antes de tudo incentivava que ela estivesse preparada psicologicamente e, finalmente, pudesse proceder com as exigências dolorosas de um divórcio. O moço, em suma, tinha defeitos e tinha um lado bom. Muito bom.

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Outro caso é este: certa vez uma senhora, sem pressa alguma, com seus 98 anos nos deixou. Foi surpreendente telefonar e realizar as entrevistas. Uma por uma das fontes (filhos, parentes, amigos e até o zelador do prédio) contavam, inconsoláveis, que ela tinha partido muito cedo desta vida, pois tinha planos ainda. Sonhava em conhecer diversos outros países e adorava doar para abrigos os agasalhos de lã que confeccionava com a mesma paciência com que atingiu quase um centenário vivendo neste mundo tão tresloucado. Aquela senhora partiu, maravilhosamente, tendo garra e vontade de viver ainda por muito tempo. E deixou esse exemplo bom para todos.

Eu adoro ouvir histórias, amo reconstruir trajetórias. O único incômodo que encontro neste ofício tão vivo e vibrante é pensar que, um dia, eu mesmo terei um obituário só meu. E alguém, desconhecido (ou não?), vai escrever sobre quem fui e de que modo fui. Fico tentando imaginar quais declarações ouvirá sobre mim e quais pessoas serão procuradas. Raiará no fatídico dia um sol forte? Ou o céu estará chuvoso? Não sei. E este não saber causa calafrios.

Diante do imprevisível, tenho apenas um pedido e um capricho. O primeiro é: ao narrarem minha morte, mostrem-me como exatamente fui, sendo fiel à minha singela história. E o segundo: que aqueles que lerem meu obituário, um registro frio e técnico de minha morte, não percam de vista a seguinte certeza: viver não é apenas respirar e estar ativo neste mundo carente de sentido. Vida, minha gente, é criar e participar de histórias. Tão singulares e tão belas que sempre valerão ser contadas. Em qualquer tempo. Em qualquer lugar.

*este texto em primeira pessoa não tem por intuito atribuir palavras ao saudoso e respeitável jornalista Antonio Carvalho Mendes, nem retratar fielmente a rotina do digno e importante ofício de se escrever obituários. O texto é uma ficção criada a partir de um fato retratado pela mídia, atividade esta nem um pouco original. O também saudoso escritor e médico Moacyr Scliar tinha o mesmo hábito de publicar no jornal Folha de S. Paulo, com um brilhantismo inatingível, crônicas baseadas em notícias. 

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Visita ao coração

A casa está vazia. Sem móveis nem sonhos. Está também abafada, porque as portas, há muito cerradas, prenderam a poeira e o calor aqui dentro. Os meus passos vacilantes por entre os cômodos vazios não soam nada. Por aqui, nem o eco aparece.

As paredes da sala conservam as molduras de outrora, mas sem foto alguma, porque as lembranças não fazem visita faz tempo. Na cozinha, os azulejos perderam as manchas de gordura. Estão límpidos e ostentam a pureza sem graça dos revestimentos saídos há pouco das lojas.

Meus olhos não miram nada familiar. Parece até que nunca estive aqui. Mas é a minha casa, sei que é. O endereço, a vizinhança, a árvore no quintal. Tudo do lado de fora é igual ao que sempre foi. A mudança é aqui dentro. Só aqui.

Vou em direção ao quarto e a porta nem range mais. Sem cama, sem tapete... Nem as medalhas daquele campeonato na escola resistiram a este misterioso sumiço. As persianas também evaporaram. Juntamente com todo o resto.

O que tragou tudo o que tinha aqui? Em que fim de mundo minha vida se meteu? Não há mais história, apenas este presente tresloucado e um futuro incerto ameaçando vir! Diante disso sequer o desespero ousa adentrar nesta alcova que se não é feliz, tampouco se faz tristonha.

Dentro de minha casa não há nada. Nem certo nem errado. Nem fundo nem raso. Nem fraco nem forte. Não há gente e muito menos solidão. Não há morte e vida. Há vazio. Apenas o vazio. E o rosto do nada é a um só tempo belo e terrível.

Pouco a pouco o sono me enlaça e um torpor me cega. Dentro de minha casa não há medo nem desejo, coragem ou desespero. Agora, há tão somente escuridão. É tudo calmo como uma brisa cheia de preguiça, incapaz de soprar. Por fim, adormeço.

E a vida segue assim desde então: acabou-se a alegria, mas também a tristeza. Não há mais a agonia ou mesmo a beleza. O tempo passa sem que se ouça nada. Seja grito, seja choro. Riso e coro ou coisas assim. Não há o menor sinal de amor, porque o ódio não se tem mais. Há silêncio, muito silêncio. E tudo isso – que estranho! – faz chegar até aqui uma repentina paz. 

domingo, 16 de outubro de 2011

O Jardim Azul*

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Aquele rapaz alimentava o sonho de fazer um jardim nascido da escuridão, da inexistência completa. Por isso mesmo, nada de comprar grama sintética, nem mudinhas de plantas e flores. Tudo seria plantado desde o início, desde a semente. Foi assim que o jardim começou.

Com o tempo, as sementes miúdas começaram a brotar. Elas vivificaram! Foi preciso muita água jorrando para nutrir cada palmo de chão. Foi preciso afofar a terra, adubá-la... Mas foi preciso algo mais. Foi preciso o esforço hercúleo de amar o jardim sem nem mesmo tê-lo ainda. Precisou-se amar e se dedicar à idéia, ao sonho, como se ele fosse certeza, como se ele fosse verdade... Foi assim que o jardim começou.

Precisou também de uma ansiosa expectativa. E a gente que passava em frente ao futuro jardim, em sua maioria, desejava-o intensamente. Era o olhar da criança pura que clamava: "apareça, jardinzinho!"; era o suspiro da moça apaixonada que pedia pelo jardim como pedia um beijo enamorado. E a natureza, a cada dia, respondia com um pequeno e moroso espetáculo: uma florzinha fechada aqui, um raminho acolá, uma raiz que escapulia por ali... Foi assim que o jardim começou.

Demorou muito para que surgissem as primeiras falanges floridas e perfumadas. Foi como se séculos se arrastassem para que a grama, enfim, assomasse extensa e toda verdejante. Aparentemente, transcorreram milênios para que os pássaros cantarolassem enquanto se aninhavam. Demorou muito, como demoram os grandes sonhos arquitetados. Foi assim que o jardim começou.

Até que um dia nasceu uma florzinha curiosa. Uma rosa toda azul, imagine! E do primeiro azul surgiu ao lado outro tom de azul e, logo ali à frente, um segundo tom e, mais adiante, um terceiro tom e outro e outro mais e... da noite para o dia todo o lugar azulou! Foi assim que começou o jardim azul.

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Da grama às frutas, das flores às abelhinhas... azul. Tudo azul! Ninguém sabia o motivo. Até que um dia vieram dar um recado. Uma moça bonita (a mais bonita) havia passado certa vez em frente ao jardim e pensou como seria bonito um jardim cheio de tons de azul. Essa moça era a Primavera, que não sabia medir desejos. Foi assim que começou o jardim azul: com a Estação das Flores imaginando um sonho maior (e mais belo) que os sonhos de todos os sonhadores daquele jardim.

*Crônica originalmente publicada na seção Literário, do site Comunique-se, e que repercutiu em alguns espaços da internet. Dentre eles está a revista eletrônica O Guaruçá

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Namorados que a gente vê por aí*

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Roberto chegou em casa equilibrando em uma das mãos um amontoado de pastas e, na outra, um picolé todo derretido. Depois de mil e uma estripulias para abrir a porta e cinco grandes manchas de creme no tapete da sala, ele se jogou, aliviado, no sofá. Sua esposa, da cozinha mesmo, pergunta toda cheia de dengos: “você sabe que dia é hoje, Betão?”. Era dia dos namorados e Roberto não estava nem sabendo. Acabou que ele ofereceu a metade do seu derretido sorvete como um presente apaixonado. Resultado: Betão passou uma noite nada romântica sozinho no sofá da sala. 

O jovem Bruno estava frente a frente com ela, Amanda, sua companheira de cursinho pré-vestibular e possivelmente a menina mais bonita do mundo. Pelo menos ele achava isso. Depois de milhões de mensagens de texto trocadas pelo celular, bilhões de e-mails cheios de confidências e zilhões de olhares entrelaçados, estava ele, finalmente, frente a frente com ela. Resolveram sair para conversar, tomar um suco, em pleno dia dos namorados. Estavam agora com os rostos próximos, ouvindo o suspirar ofegante um do outro, com direito a cada um ter todas as dúvidas do mundo ao mesmo tempo. Beijaram-se, enfim.
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Manoel e Etelvina completavam aniversário no dia dos namorados. Mas, no caso deles, a data não tinha nada a ver com o casamento. No dia dos namorados completavam exatos 25 anos que os dois dormiam em camas separadas, embora vivessem na mesma casa e dividissem as despesas. O amor tinha se apagado e o comodismo fez com que eles continuassem sob o mesmo teto. Manoel namorava muitas nos bailes de quinta-feira. Já Etelvina continuava solteira, mas garantia: um dia casa com um homem mais ou menos bom. E ela frisava o “mais ou menos bom” porque tem certeza de que homem bom não existe.  


Há invejáveis cinqüenta e cinco anos, leitor, Romualdo vive se gabando de poder gozar da presença (segundo ele, a mais doce presença que pode existir) de sua companheira Gorete. No dia dos namorados, num romantismo que não tem hora nem lugar, os dois fazem o que já estão acostumados há tempos: ele recita poemas e ela escuta de olhos fechados, saboreando os versos feitos com seu nome. Depois, eles dançam na sala de estar, conversam, dançam um pouco mais, e riem, riem como crianças. À noite, vão ao cinema ou ao teatro. Ele sempre acariciando as mãos dela. Ela sempre agradecendo a Deus, à vida, ao destino traçado com o brilho das estrelas, por ter casado com um amigo, alguém que a faz feliz.  


*Crônica originalmente publicada no jornal Correio Paulistano [há um bom tempo] com o título Casos de amor que a gente vê por aí. 

  

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Correspondências

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Faz tempo que a vovó Helena virou estrela, foi morar no céu. Eu, quando criança, adorava fitá-la cozinhando chuchu sem sal e sem gosto para o vovô.

Lembro que enquanto subia o vapor das panelas, a vovó também enchia os ares. Ela cantarolava para si. A música era sempre a mesma. 

Eis dois versos: “quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão / Ante surpresa tão rude não sei como pude chegar ao portão”. 

E por ter avivada tão intensamente esta cena na memória, precisei escrever sobre cartas. 

Na mesma época de menino, a vizinha lá de casa de tempos em tempos lançava envelopes ao vento. Um dia, perguntei o porquê. Ela explicou que esse era o jeito de se comunicar com a mãe, já falecida. Segundo ela, os dias de ventania eram “carteiros do além”. Para mim, as cartas nunca chegaram a endereço tão incerto, porém, a fé da moça não devia deixá-la sem respostas. 

Um pouco mais velho, já na escola, era comum no Dia dos Namorados os estudantes trocarem cartas apaixonadas. Eu, claro, nunca recebi nenhuma. Exceto uma vez. No mesmo dia 12 de junho foram entregues a mim três correspondências em formato de coração. Eram de três meninas da sala ao lado. Com o ego inflado diante daquela novidade, não pude prever que o encanto duraria pouco.

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Dias depois, descobri que as tais alunas estavam precisando de nota extra em Educação Artística e inventaram de mandar o trabalho para o cara menos perigoso do colégio (leia-se nota zero na matéria conquista). O trauma, que à época foi grande, logo estava superado. A vida prega tantas outras peças piores que não demorou muito para eu rir do mal entendido. 

Atualmente, cresce o acesso a e-mails, scraps, mensagens torpedos e outras tantas maneiras de se comunicar a distância. Na essência disso tudo, pondero, estão as cartas físicas de outrora. 

Mudam-se as formas de se corresponder, mas não a necessidade de estar sempre perto de quem se ama. Toda vez que alguém querido estiver longe, lá onde os abraços e os beijos não alcançam, podemos escrever e endereçar. Palavras, em papel ou não, sempre marcam.  

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A leitora*

Ela debruça sobre crônicas. Lê. Em sua testa assomam ruguinhas finas, imperceptíveis a um observador desatento. Eu estou atento.

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Suas ideias se agitam com a leitura. Imaginam, supõem, flutuam. Seus olhos são lindos quando leem. Ela debruça sobre crônicas.  

A mão direita segura a página. A esquerda, delicadíssima, batuca a mesa com os dedinhos uma música que não existe. E enquanto as notas misteriosas soam, os lábios esboçam um discreto sorriso com a graça escrita por algum cronista. Seus olhos são lindos quando leem. 

Eu, aqui de longe, queria mergulhar no pensamento dela. Pensamento de leitora. Decorar suas reações, escrever o que ela deseja ler. Ela debruça sobre crônicas. Seus olhos são lindos quando leem. Eu leio todos os seus gestos de leitora. 

A leitora é minha crônica. É a minha maior inspiração. Repousa sobre a minha cabeceira, domina a minha estante. E eu nunca consigo descansar. Olhos vidrados, respiração profunda, desejo ardentemente sonhar com o que pensa esta leitora de olhos lindos quando leem. 

segunda-feira, 28 de março de 2011

Sob a lona

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   O deputado Tiririca (PR-SP) deve apresentar projetos ligados ao circo no Congresso. A notícia é da colunista Mônica Bergamo, publicada quinta-feira 03/03/11, no jornal Folha de São Paulo.

A mulher roçava a própria barba e tinha nos olhos um brilho de encantamento. Mal acabou de ler a nota no jornal, foi gritando aos quatro ventos que, agora, a sorte do Circo ia mudar. 
A euforia acordou o Homem Borracha, que saiu do trailer se espreguiçando, se espreguiçando, mas tão elasticamente que até dava dor nas costas de quem olhasse aquele magricela com mais de dois metros de altura. 
Logo, estavam todos reunidos no picadeiro. O mágico, sempre  irônico, cochichava aos mais próximos que daquela reunião não ia sair coelho nenhum... Em outro canto, o Homem Fera, desinteressado de assuntos maiores, continuava a distribuir gracejos à Esmeralda, trapezista daquela trupe e totalmente desinteressada pelo cabeludo de caninos afiados. 
Uma voz rouca, pedindo atenção, fez todos se calarem. Era o palhaço Tapioca. Trajava metade da fantasia que costumava usar nas noites de espetáculo. Vestia a calça amarela muito larga e os sapatos gigantes e alaranjados, mas estava sem camisa e com a maquiagem incompleta. 
Tapioca, na verdade, era Astolfo, o dono do Circo. Sempre que estava diante de seus comandados, era sisudo e exigente como um general. Estavam lá o nariz vermelho, a metade da pintura da boca, mas dentro daquele peito ardia um coração que sabia bater no compasso da seriedade. 
O sujeito explicou que estava há muito tempo naquela vida e que já fizera tantos malabarismos contábeis que não esperava por dias melhores. Confessou, estarrecendo a todos, que se deitava todas as noites pensando ser a última que mantinha o Circo em pé. 
Reclamou dos novos divertimentos. São muitos shoppings, joguinhos online, DVDs piratas... Tudo ia contra o hábito de se visitar o Circo, de se cultivar uma platéia... A vida sob a lona estava mesmo difícil.
Aquele Circo, há muito, tinha quebrado. As dívidas se avolumavam a números tão altos, mas tão altos que nem o Homem Bala as podia alcançar... Por isso mesmo, a assunção de um palhaço ao poder interessava tanto, causava furor.
Tapioca ponderou que aquela conquista era apenas um começo, mas podia significar a salvação. E revelou a todos o seu intento: queria organizar uma pequena comitiva, reunir as últimas economias e ir ter com o mais novo representante da classe.
A Mulher Barbada amassou o jornal contra o peito e tinha agora os olhos arregalados, tamanha era a expectativa. O Homem Borracha, cheio de ansiedade, a puxou de longe para se abraçarem e vibrar juntos. Até o mágico se esqueceu do sarcasmo e sentiu uma lágrima emocionada escapulir.
O Homem Fera, se tivesse rabo, o colocaria agora entre as pernas, pois a doce Esmeralda chorava, chorava, chorava e quando isso acontecia ficava ainda mais linda... 
E foi assim, comovidos, que todos se prepararam para o espetáculo daquela noite. O diminuto, mas ainda respeitável público riu e se impressionou como nunca a cada apresentação. E todos os artistas trabalharam como se fosse a última vez. Para que fosse a melhor de todas.
E eu, de cá, afirmo: inacreditavelmente, o exemplo daquele Circo se estende a todos nós. Por mais que estejamos desolados, sem forças, sempre existe uma fagulha capaz de incendiar as nossas esperanças...