quarta-feira, 13 de abril de 2011

A leitora*

Ela debruça sobre crônicas. Lê. Em sua testa assomam ruguinhas finas, imperceptíveis a um observador desatento. Eu estou atento.

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Suas ideias se agitam com a leitura. Imaginam, supõem, flutuam. Seus olhos são lindos quando leem. Ela debruça sobre crônicas.  

A mão direita segura a página. A esquerda, delicadíssima, batuca a mesa com os dedinhos uma música que não existe. E enquanto as notas misteriosas soam, os lábios esboçam um discreto sorriso com a graça escrita por algum cronista. Seus olhos são lindos quando leem. 

Eu, aqui de longe, queria mergulhar no pensamento dela. Pensamento de leitora. Decorar suas reações, escrever o que ela deseja ler. Ela debruça sobre crônicas. Seus olhos são lindos quando leem. Eu leio todos os seus gestos de leitora. 

A leitora é minha crônica. É a minha maior inspiração. Repousa sobre a minha cabeceira, domina a minha estante. E eu nunca consigo descansar. Olhos vidrados, respiração profunda, desejo ardentemente sonhar com o que pensa esta leitora de olhos lindos quando leem. 

4 comentários:

  1. Não há dúvidas que este texto é do Pereira.

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  2. Grande Kiko.

    Ora, depois de dirigir comigo um programa de entrevistas na TV, de ser editor ao meu lado no jornal mais antigo de SP e me convidar para comentar mídia em seu programa de rádio... Ufa!

    Depois de tantas experiências e aprendizados juntos, você tem a "obrigação" de conhecer meu texto de longe, bem de longe! hahá!

    Grande abraço! Estamos juntos. Você sabe.

    FP

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  3. Sucesso!
    Suas palavras continuam afiadamente doces!
    Beijos

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  4. Obrigado, Sá.

    "Afiadamente doces". Gostei da definição!

    Bjos!

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